A relação entre crianças de tipos diferentes: brancas,
negras, gordas, magras, altas, baixas etc. pode ser tensa em sala de aula, pois
pode haver um discurso discriminatório que incorporado por algumas crianças,
pode trazer comportamentos introvertidos.
O cotidiano escolar pode apresentar estereótipos que atendam
em arte o padrão dominante. Essas imagens são passadas para crianças e jovens
que incorporam facilmente o estereótipo de uma ideologia dominante e
intensificando uma inferioridade de alguns grupos. De acordo com Ana Célia da
Silva (1989 – pg56) “a inculcação do estereótipo inferiorizante visa produzir a
rejeição em si próprio, do seu padrão estético, bem como de seus semelhantes.”
A diversidade entre grupos tornam-se pontos de conflito,
pois de um lado existe um eu que
pensa igual e vive de modo “estável”. Do outro lado, existe um outro, que não pensa como eu e “desestabiliza” a aparente
“ordem”.
A palavra ordem
aqui vista como estabilidade ou manutenção de um esquema social. Aqui existem
dois olhares: A sociedade do eu,
tudo o que for mais civilizado X A sociedade do outro, marcada por idéias etnocêntricas que se caracterizam como
primitivas, não humanizadas, ou seja, um intruso que trará desordem. Aqui a desordem é vista como destruição e para
que isso não ocorra, o eu busca a
neutralização do outro, pois
mantendo o outro excluído e
dominado, permanece uma ilusão de equilíbrio.
A ordem é vivida na ausência da diferença.
Na interação entre o eu
e o outro, entramos em uma dimensão
desconhecida, desestabilizando as estruturas já vigentes e formando novas
estruturas, gerando transformações e cooperações entre grupos. Esse processo
atribui a construção de uma nova ordem
social.
O espaço escolar foi organizado para cumprir uma função
social, ou seja, preparar um indivíduo para atuar na sociedade. Com isso,
faz-se necessário manter ativos os controles sociais, ou seja, regras aplicadas
ao cotidiano escolar que garantam a efetivação do processo educativo.
A escola como espaço institucional, faz-se a pergunta: “Que tipo de cidadão se constrói nesse
espaço?” Para responder a essa pergunta, temos de olhar o tipo de ensino administrado
nessa escola. O que vemos é um ensino pautado em padrões que atendem as
necessidades de um grupo dominante, desconsiderando a pluralidade cultural. Na
prática, é uma “imposição” de valores dominantes e conseqüentemente, a
utilização de recursos que variam desde a retaliação ou punição até a
segregação e marginalização de grupos considerados “outros”.
Dentro do ambiente escolar, temos de trabalhar o “eu” e o “outro”, discutindo as diferenças entre eles, para a construção das
relações sociais. Repensar o currículo é redimensionar as ações que superem essa crise de
socialização.
O primeiro passo é a conscientização de todos os envolvidos
no processo e a compreensão das dificuldades na vida coletiva. Incluir no
currículo, a reflexão, a discussão e o entendimento dos conceitos de identidade
como: gênero, etnia, sexualidade, tolerância, preconceito, descriminação,
violência etc.
A formação do indivíduo, para a vida e para o mercado de
trabalho está baseada, cada vez mais na obtenção de habilidades, atitudes e
valores. Não é mais só informação, mas sim conhecimento de si e do outro. Como
agir com esses conhecimentos. Ai está o diferencial e este só será construído através
da Educação.
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