O impacto das
mudanças tecnológicas se evidencia na educação, quando os alunos trazem para a
escola questões de um mundo conectado e inter-relacionado e os professores se
sentem desafiados a imergirem nessa cultura dentro da escola.
Almeida, 2009
descreveu em seu livro, na sua primeira edição 1984 sobre as barbáries que
ameaçavam o mundo: Tsunamis, perseguições entre etnias, violências dos
fundamentalismos religiosos, massacres de minorias, desnutrições endêmicas.
Mediante este histórico, não se pode dizer que a tecnologia é isenta dessas
responsabilidades, mas sim, que seu uso pode ajudar a resolvê-las.
No Brasil, o
cenário da escola era de salas cheias, acesso a computadores nem sempre fácil,
poças condições de biblioteca, professores não concursados e com salários
baixíssimos, a maior parte dos alunos com renda até dois salários mínimos,
formação insuficiente dos professores.
Vinte anos
passados (1984-2005), as políticas públicas para o ensino básico (1ª a8ª
séries) foram eficazes em relação às matrículas, com um aumento de 68,5% em
quinze anos. Quanto ao ensino médio, constatou-se um aumento de 139,2%. Nos
cursos superiores, o salto foi de 184,2% em 18 anos.
Paralelo a esses
dados, temos a fome e o fenômeno da seca, inundações, desmatamento, invasões de
terra e uma população jovem de classes pobres, com menos de 25 anos, que
substitui livros de estudo e diplomas por armamento.
No início do
século XXI, a nossa educação cresce de uma forma caótica e desordenada. A Lei
de Diretrizes de Bases da Educação Nacional [nº9394/96], discutida no
congresso, mas sujeita a todo o tipo de manipulação e interesses corporativos.
A Lei [n5692/71] representou um
progresso para a educação, foi criado o FUNDEF (Fundo de Desenvolvimento do
Ensino Fundamental), orçamentos participativos, sistemas de avaliação e além da
melhoria dos programas de merenda escolar e transporte, distribuição de livros
didáticos a nível nacional. A Lei [nº
7044/82] vem redimensionar a profissionalização em sua universalidade. Na crise
dos anos 80, inicia-se o debate do computador na educação.
A inserção na
sociedade de informação, segundo ALMEIDA, 2005 não é só ter acesso à
tecnologia, mas saber utilizá-la na busca e seleção de informações para a
resolução de problemas do cotidiano. O uso da TIC’s na educação visa a criação
de uma rede de conhecimentos, favorecendo a democratização do acesso à
informação, a troca de informações e experiências e o desenvolvimento humano,
social, cultural e educacional. “Ninguém
educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam
em comunhão, mediatizados pelo mundo.” (Freire, 1993, p.9)
Segundo
PERROTTI, 2008, nas últimas décadas foram se associando iniciativas com o foco
na relação entre Educação e Informação.
A partir dos
anos 70, houve uma mobilização crescente em vista a apropriação de saberes
informacionais (PERROTTI, PIERUCCINI, 2008) relacionados ao processo de
conhecer o conhecimento.
O termo infoeducação proposto em 2000 (ESTEVE,
2005, p.491), intitulando um seminário franco-brasileiro, realizado na Escola
de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo, assinalava um novo olhar
para as relações entre Educação e Informação. Na “era da informação”, essa
relação rompe com a educação tradicional disciplinar, articulando diferentes
saberes e fazeres em redes dinâmicas de conhecimento e de atuação.
Na escola, as
relações face a face, ainda prioritárias nos modos de comunicação pedagógica.
Prevaleceu o discurso pedagógico centrado na voz e na autoridade única do
mestre. Neste modelo, os mestres transmitiam conteúdos consagrados anos e anos
e os discípulos, ouvir, memorizar e responder quando interpelados. Lentamente
vemos o aparecimento nas salas de aula de materiais impressos de diferentes
níveis, como cartilhas, livros didáticos, paradidáticos, jornais. Materiais
estes distribuídos pelo Estado, evidenciando que a vos do professor já não é
mais exclusiva como fonte de informação. Paralelo a isso, vemos a chegada de
TV, e computadores ligados a Internet como recursos didáticos disponíveis na
escola, reforçando a idéia de que a voz do professor já não é mais a única
forma de comunicação.
Não basta só ter
acesso a informação, mas temos de saber avaliá-las, julgá-las, selecioná-las em
relação a nossa realidade social. Por isso temos a urgência da adoção do termo infoeducação na pauta educacional do
país. A infoeducação pode ser concebida como um conjunto articulado de saberes
e fazeres, direcionado nas relações entre Informação e Educação. Esta seria um
modo de atuar e de interrogar a informação, de compreendê-la e de participar de
seus processos.
Das instituições
educativas que devem se ocupar da infoeducação, a escola é um pilar
fundamental, indispensável e diferenciado, pois ela em nosso mundo continua
sendo o ponto de chegada e o ponto de partida da trama sociocultural onde se dá
a apropriação de saberes de forma sistemática.
Nos programas de
infoeducação para crianças da Educação Infantil e das primeiras séries do
Ensino Fundamental, só poderá fazer sentido se a experiência for concreta, pois
é pela vivência efetiva que as aprendizagens vão se construindo.
A integração das
TIC’s na educação proporciona ao aluno estabelecer múltiplas conexões,
tornando-se mais participativo, comunicativo e criativo. Nas últimas décadas,
houve uma aceleração no processo de desenvolvimento das tecnologias e a escola
não pode ficar alheia a esse fato.
Para POCHO, 2005
a tecnologia é apresentada não como objeto de consumo, mas sim como uma
possibilidade educativa. Com o crescimento educacional mais crítico a partir
dos anos 80, a tecnologia educacional constitui-se em um
‘estudo teórico-prático da
utilização das tecnologias, objetivando o conhecimento, a análise e a
utilização crítica destas tecnologias, ela serve de instrumento aos
profissionais e pesquisadores para realizar um trabalho pedagógico de
construção do conhecimento e de interpretação e aplicação das tecnologias
presentes na sociedade’ (SAMPAIO&LEITE, 1999,p.25)
Tecnologias
educacionais são os meios, os apoios, as ferramentas que utilizamos para uma
efetiva aprendizagem, visando a uma renovação da educação mediante o
desenvolvimento integral do aluno, que está inserido num processo de
transformação social. Em todas as áreas do conhecimento, podemos integrar as
mais variadas mídias.
A
proposta de utilização das tecnologias na escola se faz necessária, pois estas
são frutos da produção humana, por parte da sociedade como a escrita e devem
ser democratizadas e desmistificadas. Os alunos devem ser educados para o
domínio, manuseio, criação e interpretação de novas linguagens e formas de
expressão e comunicação. A escola deve fazer o aluno aprender a aprender, a
criar, a inventar soluções próprias diante dos desafios.
A
presença das tecnologias no cotidiano escolar se faz necessárias, pois são
formas de produção e apropriação do conhecimento, permite ao aluno
familiarizar-se com elas, desmistificando-as, além de dinamizar o trabalho
pedagógico.
A
educação tem a ver com a tecnologia, justamente porque esse avanço tecnológico
não chegou à grande maioria das pessoas por não ter acesso ou conhecimento
sobre ele. Assim sendo, cabe a escola propiciar condições de agir com e sobre
as tecnologias a serviço de um projeto pedagógico, visando à autonomia dos
educandos e sua inclusão na sociedade.
Com
base em um trabalho sobre TE, desenvolvido por Thiagarajan e Pasigna (1988),
podemos agrupar as tecnologias em dois grupos:
Tecnologias independentes são as que não
dependem de recursos elétricos ou eletrônicos para serem usadas. Um exemplo
aqui seria o livro infantil, pois é um material impresso, composto de
histórias, geralmente ilustradas. O professor pode produzir esse tipo de livro,
escolhendo com eles vários temas a serem trabalhados, redigindo histórias e
montando um livro no coletivo. Sua utilização traz ao aluno o desenvolvimento e
gosto pela leitura, raciocínio lógico da linguagem escrita e enriquecimento nas
diversas áreas do currículo. A partir de um tema estudado no livro, podemos
realizar uma discussão de um filme, programa de rádio ou TV. Analisar e
interpretar ilustrações e personagens e uma recriação de uma nova história a
partir de novos conhecimentos.
Tecnologias
dependentes são aquelas que dependem de um ou vários recursos elétricos ou
eletrônicos para serem produzidas ou utilizadas. Aqui me refiro ao computador,
pois dependendo do programa, ele pode ser usado como orientador na correção e
análise de trabalhos dos alunos armazenando e processando informações, pois é
um meio de comunicação, através da utilização da Internet. Com o advento da
Internet, muitas escolas de ensino fundamental já estão conectadas a outras no
país e no mundo.
Apesar
de todos os avanços tecnológicos, a sala de aula, ainda hoje, é um espaço de
combinação de atividades entre professor e aluno, caracterizando assim o
processo ensino-aprendizagem. Segundo Moran[1]
a escola precisa partir da vivência do aluno, preocupações, necessidades,
curiosidades e construir um currículo que faça sentido em sua vida, despertando
interesse. Precisa-se de gestores e educadores bem remunerados e formados em
conhecimentos teóricos e práticos nas novas tecnologias, suas formas e uso.
A
escola, não se encontra em sintonia com a emergência da interatividade. Mantém
fechada em si mesma e alheia a nova dimensão comunicacional. Ao longo dos anos,
ela vai deixando de ser reprodutora de conteúdos, onde só o professor “recita”
e o aluno “entende” e passa a ter um modelo de comunicação emergente,
constante, focada na interatividade, ou seja, no diálogo. Segundo SILVA, 2010 a
interatividade não é apenas fruto da tecnologia informática, mas um processo de
resignificação das comunicações humanas em toda a sua amplitude. Na nossa
estrutura educacional, não temos uma sala de aula interativa na sua totalidade,
mas o aluno que a freqüenta pede uma nova aprendizagem. A antiga aprendizagem tradicional
deixa de ser focada no professor e passa a ser focada no aluno. Aqui temos um
conceito de interatividade como uma reinvenção da sala de aula em uma prática
comunicacional entre os três eixos enlaçados: Aluno Currículo Professor
Figura
2:A relação em mão dupla: professor, aluno e currículo
A sala de aula passa a
ser redefinida como um espaço para informações, debates, organização de
projetos, pesquisa, de comunicação online e intercomunicação. O espírito
crítico que domina a sociedade de informação, também precisa estar presente na
sala de aula. Aqui o autor faz uma relação de produtor/consumidor/produto, que
paralelo, na escola, podemos identificar como professor/conteúdo/aluno. O
consumidor não é mais tão manipulável. Desse modo, se faz uma comunicação
aberta entre cliente, produto e produtor, permitindo ao cliente – consumidor
– usuário atuar como coautor, como cocriador personalizado na relação com o
produto.
Nessa relação
comunicacional que se estabelece na sala de aula, podemos definir
interatividade como uma disponibilização consciente de um “mais comunicacional” de modo expressamente complexo, ao mesmo
tempo atentando para as “interações” existentes e promovendo mais e melhores
“interações” – seja entre usuário e tecnologias digitais ou analógicas, seja
nas relações “presenciais” ou “virtuais” entre seres humanos.
O seu texto é excelente. Muito bom mesmo.
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