Partindo do pressuposto que em todas as reformas pedagógicas, buscou-se a trazer a luz, semelhanças e diferenças entre instruir e educar. No passado, quem educava era a família, enquanto que o papel da escola era instruir. Com as transformações sociais vindas com o capitalismo, a preocupação era formar indivíduos instruídos e educados para o trabalho. O “educado” aqui, me refiro a acatar o sistema capitalista como mão de obra explorada e barata. Daí o termo Educar para o trabalho.
Com essa transformação pedagógica, onde a escola, além de instruir, passou também a educar, iniciou-se um nebuloso conflito educacional:
INSTRUÇÃO X EDUCAÇÃO
INSTRUÇÃO; Formar indivíduos capazes de enfrentar e resolver seus problemas, buscar soluções para resolver situações. Ou seja, fazer uso da inteligência, pois ai o homem se distingue dos animais.
EDUCAÇÃO: O educativo se logra com a formação de valores, sentimentos que identificam o homem como ser social, compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade e outros elementos da esfera volutiva e afetiva, que junto com a cognitiva permitam falar de um processo de ensino-aprendizagem que tem por fim a formação multilateral da personalidade humana. (Fernandéz, 1998).
O processo ensino-aprendizagem é uma integração entre instrução e educação, seria uma apropriação dos conhecimentos, não só pela lógica, mas principalmente pela formação de sentimentos, qualidades e atitudes.
Essas duas vertentes precisam andar juntas, mas como fazer isso, se temos uma sociedade voltada a resolver os problemas sem se preocupar com a qualidade ou sentimento do outro? Tem até uma célebre frase: Quem muito pensa nada faz.
Essa confusão entre instrução ligada ao conhecimento e educação ligada a valores, podemos ilustrar da seguinte forma:
“Onde está à educação na escola em os professores são agredidos, humilhados, desprezados?” assim como “Existem professores incompetentes, que trabalham sem vocação?”
Fiz-me estes questionamentos e os coloquei no fórum para provocar discussões sobre o tema e obtive uma resposta acertada, sobre o processo ensino-aprendizagem.
Para que o processo ensino-aprendizagem seja concretizado, se faz necessário, primeiro a clareza sobre “educação” e “instrução”. A partir daí, podemos ir ao produto desse processo que é o conhecimento que nada mais é do que a construção social.
A construção social do conhecimento está interligada a interesses econômicos, sociais e afetivos. Aqui entra o vínculo entre aluno e professor, não só pelo aspecto de informação ou transmissão do conhecimento, mas também no aspecto educacional, ou seja, valores, condutas etc.
Os componentes do processo ensino-aprendizagem passam a serem vistos da seguinte forma:
Aluno
Quem? Sujeito receptivo de conhecimento. Sujeito com qualidades, modo de vida, valores que em alguns casos, esses são ignorados pela própria sociedade em que vive
Professor
Articulador entre o conhecimento sistemático e a clareza de valores e atitudes de seus alunos. Aqui pode ser um articulador entre sesu próprios conhecimentos lógicos e seus valores e convicções. Uma pessoa só pode transmitir conhecimento se os conhece ou os tem incorporado em seus valores. “Acredita no que está fazendo.”
Problema
Aqui vejo a necessidade do aprendiz e do educador, pois o educador tem o desafio de ver seu objetivo alcançado integralmente, tanto no aspecto instrutivo quanto no aspecto educativo
Objetivo
Para que ensinar? O que isto me acrescenta na minha formação como pessoa, de uma forma integral, ou seja, o desenvolvimento de todas as potencialidades humanas com equilíbrio entre os aspectos cognitivos, afetivos, psicomotores e sociais. Considera-se aí que, apesar da preponderância eventual de um aspecto, o homem é uno, integral e não pode evoluir plenamente senão pela conjugação de suas capacidades globais
Conteúdo
O que aprender? O que aprendo faz sentido em minha vida fora da escola
Ex. O aluno leva uma hora para se deslocar de sua casa para a escola, para aprender sobre resistência do chuveiro
Métodos
Como desenvolver o processo? Recursos utilizados pelo professor e mesmo pelos próprios alunos, para que esse conhecimento seja incorporado e seja significativo para alunos e professores.
Recursos
Com o que? Recursos físicos e humanos, utilizados para o desenvolvimento dessa aprendizagem. Aqui entra o valor de cada recurso, não só valor monetário, mas a importância que o professor dá a cada recurso e a clareza de este recurso o levará ao alcance de seus objetivos no processo ensino-aprendizagem.
As reflexões sobre o caráter sistêmico dos componentes do processo de ensino-aprendizagem e suas relações são importantes em função do caráter bilateral da comunicação entre professor-aluno; aluno-aluno; grupo-professor; professor-professor
Interessantes suas observações sobre o mister de educar e instruir. Você faz uma análise técnica detalhada. Uma vez li uma definição sucinta e prática: educar é com o coração e instruir é desenvolver a mente. Professoras do maternal/primárias seriam portanto educadoras e instrutoras e a medida que a criança progride em idade e capacidade teriamos apenas a instrução (caso da universidade). O problema da educação/instrução hoje em dia é complexo, muito em função da vida em que levamos. O que eu vejo é que precisamos avançar muito, porque as pessoas em geral podem até serem instruídas, mas educação mesmo está em falta no Brasil.
ResponderExcluirOlá Eliana sempre passo por aqui para dar uma olhadinha nas novidades.
ResponderExcluirTambém sou uma educadora que se preocupa com as velhas maneiras de se encarar a educação ou seja,com mais informação do que formação. E dentro das mudanças atuais estamos vendo a inserção do uso das tecnologias na escola e senão estivermos preparados será mais uma vez repetição dos velhos métodos já tão combatidos de memorização de conteúdos.
Abração amiga!!
Amo seu trabalho e preparei um cantinho para meus amigos também conhecê-lo em meu blog.
Passe lá para ver.
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